Escritor Vargas Llosa doa a sua biblioteca à cidade de Arequipa em Peru

O escritor peruano Mario Vargas Llosa vai doar a sua biblioteca pessoal à sua localidade natal, Arequipa.

São mais de 30 mil títulos, entre livros clássicos e modernos, todos eles anotados pelo escritor, e que serão entregues à cidade de Arquipa, no sul do Peru.
 
Vargas Llosa, que completou no dia 28 de março 76 anos, pretende assim agradecer à cidade que o tratou com "imenso carinho" quando ele recebeu o prémio Nobel da Literatura, em 2010. Os livros encontram-se neste momento distribuídos pelas três casas do autor, em Lima, Madrid e Paris, e serão doados aos poucos. Até porque Vargas Llosa tenciona continuar a aumentar a sua biblioteca.
 
Existem planos para o governo local transformar a casa onde escritor nasceu num museu. "A palavra museu não é a mais adequada, a ideia é que não seja uma instituição para preservar o passado, mas antes uma instituição cultural presente, viva e em processo constante de atualização", disse o autor. Confessou, ainda, que gostaria que ali fosse também construído um teatro de câmara que seja "ao mesmo tempo uma cinemateca".
 
Autor de "Conversas na Catedral", Vargas Llosa deslocou-se a Arequipa com a família para festejar o seu aniversário e participar numa série de atividades literárias e homenagens. "Quem sabe, talvez no próximo aniversário consigamos inaugurar a casa."

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Resultados da pesquisa "Retrato da Leitura no Brasil de 2011"


O Instituto Pró-Livro lançou a 3ª edição da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, com o objetivo de medir a intensidade, forma, motivação e condições de leitura da população brasileira.

A pesquisa foi realizada pelo IBOPE Inteligência, entre 11 de junho e 3 de julho de 2011. A amostra foi composta de 5.012 entrevistas domiciliares, em 315 municípios de todos os Estados brasileiros.

O resultado da pesquisa Retrato da Leitura no Brasil 2011 foi divulgado no final do mês de março (28) e traz alguns dados interessantes.
O brasileiro lê em média quatro livros por ano, sendo que, destes, lê integralmente apenas 2,1 livros;

O país é composto por 50% de leitores (cerca de 88,2 milhões de pessoas) e outros 50% de não leitores;

Entre os que leem, as mulheres são a maioria, representam 53% do total do público leitor no país. Já os que não têm o hábito de ler encontram-se na base da pirâmide social: são pessoas de idade mais avançada e tem como principais entraves à leitura a alfabetização precária, o desinteresse e a falta de tempo.

A Bíblia continua sendo o livro mais lido pelos brasileiros e ganha dos livros didáticos e dos romances.

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    Cerca de 75% dos brasileiros jamais pisaram em uma biblioteca, diz estudo

    Pesquisa do Instituto Pró-Livro mostra que 71% da população têm fácil acesso
    a uma biblioteca


    Cerca de 75% da população brasileira jamais pisou numa biblioteca - apesar de quase o mesmo porcentual (71%) afirmar saber da existência de uma biblioteca pública em sua cidade e ter fácil acesso a ela.

    Vão à biblioteca frequentemente apenas 8% dos brasileiros, enquanto 17% o fazem de vez em quando. Além disso, o uso frequente desse espaço caiu de 11% para 7% entre 2007 e 2011. Os dados fazem parte da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, do Instituto Pró-Livro (IPL), o mais completo estudo sobre comportamento leitor.

    Ao serem questionados sobre o que a biblioteca representa, 71% dos participantes responderam que o local é "para estudar". 

    Em segundo lugar aparece "um lugar para pesquisa", seguido de "lugar para estudantes". Só 16% disseram que a biblioteca existe "para emprestar livros de literatura". "Um lugar para lazer" aparece com 12% de respostas.

    Confira na íntegra a reportagem.

    Fonte: Estado de São Paulo.
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    Dicas de quem já leu: Mário Prata (escritor)


    Dica de Mário Prata (escritor)
    Livro: O Encontro Marcado
    Autor: Fernando Sabino


    Principal obra do escritor mineiro, o romance retrata a juventude de Eduardo Marciano e de seus amigos na Belo Horizonte dos anos 40. "Eu tinha 12 anos quando li. Descobri que podia escrever diferente do Coelho Neto e do Olavo Bilac", conta Prata. 

    Clique aqui para ler a sinopse do livro.

    Clique aqui para visualizar a capa do livro.



     
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    Morre o escritor Millôr Fernandes

    Millôr se destacou em inúmeras atividades ao longo de seus 88 anos de vida.

     

    Millôr Fernandes (1923-2012) desenhou, escreveu, traduziu, criou roteiros e peças de teatro. Destacou-se em todas essas atividades. 

    O escritor morreu terça-feira (27), aos 88 anos, em sua casa na Zona Sul do Rio, após uma parada cardíaca e falência múltipla de órgãos, segundo informou seu filho Ivan Fernandes. Millôr também era pai de Paula e tinha um neto, Gabriel. 

    Confira o site Millôr Online , no qual, tem uma série de textos, ilustrações e brincadeiras do autor.

    Fonte: Globo.
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    Sagas literárias conquistam milhões de leitores e criam novos heróis para essa geração

    O fim das sagas "Harry Potter" e "Crepúsculo" deixou milhões de leitores à procura de novos ídolos.

    Somadas, as obras das escritoras J.K Rowling e Stephenie Meyer venderam mais de 1,2 bilhão de livros. Mas essa lacuna tem sido preenchida por novas obras, autores e heróis.

    O mais "hypado" desses fenômenos literários recentes é "Jogos Vorazes", trilogia da americana Suzanne Collins cujo primeiro volume rendeu um filme homônimo, em cartaz nos cinemas desde sexta.

    Para ter ideia do gigantismo da obra de Collins, basta dizer que a saga, iniciada em 2008, está há 163 semanas na lista dos mais vendidos nos EUA. Até agora, foram 30 milhões de exemplares no mundo, dos quais 80 mil no Brasil, onde saiu em 2010.

    Mas o que faz de um livro um fenômeno a ponto de marcar milhões de adolescentes no mundo inteiro?

    Para Brunno Maceno, 17, em "Jogos Vorazes" o leitor se vê em um mundo onde a fome é algo normal e a morte de seus amigos é inevitável. Foge do convencional porque tem lições de vida".

    As tais lições são fruto de uma mistura de ficção científica, reality show, política e mitologia grega.

    Leia a reportagem na íntegra.
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    Biblioteca funcionará com novo horário nas sexta-feiras




    A parir dessa sexta-feira, a Biblioteca estará aberta no período noturno.

    Horário de Funcionamento a partir do dia 23/03:
     Segunda a Sexta-feira: 9h às 21h30min


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    Semana da Biblioteca em Vargem Grande do Sul

    Diversas atividades fazem parte da programação de comemoração da Semana da Biblioteca. O evento é organizado pelo Departamento de Cultura e iniciou nesta terça-feira, dia 20, na Biblioteca Municipal “Victor Lima Barreto”. 

    A Semana da Biblioteca é realizada em comemoração ao Dia do Bibliotecário, celebrado no dia 12 de março, data do nascimento do bibliotecário, escritor e poeta, Manuel Bastos Tigre, e ao Dia da Poesia, em homenagem ao poeta Castro Alves, pois remete ao dia de seu nascimento.
     
    Além de proporcionar cultura, informações e entretenimento, o objetivo da semana é buscar cada vez mais frequentadores para as bibliotecas. O evento é voltado para pessoas de todas as idades e conta com atividades, palestras de caráter cultural, educativo e de utilidade pública, totalmente gratuitas. 

    Mais informações sobre o evento, clique aqui.
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    Venha ler o "Estadão" na Biblioteca

    Desde o dia 20 de março, a Biblioteca está recebendo diariamente o jornal  "O Estado de São Paulo". 

    Venha conhecer o espaço "Leitura com conforto" e aproveite para fica informado sobre as notícias do Brasil e do Mundo! 


     
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    Biblioteca receberá sugestões de livros até o dia 30/03

    A Biblioteca  do IFSP - Campus São João da Boa Vista receberá sugestões de livros até o dia 30/03/2012 (sexta-feira), para incluir na lista de atualização do acervo bibliográfico. 

    Para a solicitação de compra de livros, acesse o formulário eletrônico disponível na página do
    Campus ou no link abaixo.

    Clique aqui para preencher o formulário.



     
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    Dicas de quem já leu: Lygia Fagundes Telles (escritora)

    Dica de Lygia Fagundes Telles (escritora)
    Livro: Dom Casmurro
    Autor: Machado de Assis

    Uma das obras mais célebres da literatura mundial, o romance narra uma suposta traição, indecifrável para o leitor. "Esse livro me acompanhou em diversas fases da vida. Em cada leitura tive uma interpretação diferente. A primeira vez foi na juventude; a segunda, já casada; e a terceira, quando adaptei o livro para o cinema. Mudei de opinião sobre Capitu na maturidade", lembra a escritora.  

    Clique aqui para ler a sinopse do livro.

    Clique aqui para visualizar a capa do livro.


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    Nova lei pode liberar fotocópia de livro inteiro

    A sensação de comprar um livro novinho e cheiroso é ótima. Mas a sensação na hora de pagar nem sempre é das melhores. O xerox pode ser a solução mais barata de ter um texto em mãos, mas até o momento, fazer a fotocópia de um livro inteiro não é permitido.

    Essa proibição pode estar com os dias contados caso um projeto de lei seja aprovado no Congresso. A mudança na lei de direitos autorais, de 1998, ainda passa pela análise da Casa Civil. Se for adiante, o xerox de uma obra inteira pode ser liberado para uso não comercial. Ou seja, estudantes que fazem uso de livros para sua formação acadêmica vão poder tirar cópia de  exemplares completos sem culpa no cartório.

    A lei de direitos autorais no Brasil vinha sendo criticada por especialistas por não estabelecer um equilíbrio entre o direito ao acesso público a informações, garantido pela Constituição, e a proteção do trabalho intelectual. A mudança na lei, construída pelo Ministério da Cultura nos últimos anos por meio de consultas públicas, pode ser avaliada ainda este semestre.
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    Faça da Biblioteca a sua segunda casa

    Faça da Biblioteca a sua segunda casa!


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    Centenário de Jorge Amado será comemorado na Europa

    Além de eventos no Brasil, serão realizadas homenagens ao escritor na França, Inglaterra, Espanha e Portugal.

    Em homenagem ao centenário de nascimento de Jorge Amado, a Academia Brasileira de Letras (ABL) realiza uma série de atividades comemorativas no Brasil e em quatro países da Europa  –  França, Inglaterra, Espanha e Portugal – com conferências, exposições, shows, e mesas-redondas sobre o escritor. 

    A primeira delas acontecerá durante o Salon du Livre, que começa hoje, 16, e vai até 19 de março, em Paris, que, juntamente com a universidade Sorbonne, apresenta a “Jornada Jorge Amado”, com a presença dos escritores Ana Maria Machado, Nélida Piñon e Paulo Rouanet. 

    No Brasil, haverá também uma grande exposição durante o mês de agosto, com palestras e ciclo de filmes baseados na obra de Jorge Amado.
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    I Varal de Poesias do IFSP: confira algumas fotos



    A Biblioteca Comunitária "Wolgran Junqueira Ferreira" juntamente com a servidora Roselaine Pereira e com os docentes da área de Língua Portuguesa e Literatura, promovem o I Varal de Poesias, em comemoração ao dia Nacional da Poesia, até 31 de março. 

    O evento tem como objetivo de incentivar à leitura de poemas. O varal é composto de poesias trazidos pelos alunos e servidores, bem como peças de roupas de cartolinas elaboradas pelos alunos. 

    As obras são de diversos poetas, como: Carlos Drummond de Andrade, Cecília Meireles, Cora Coralina, Mário Quintana entre outros, e também, de autoria de alunos e servidores docentes e técnico-administrativos.

    Mais informações sobre o evento, clique aqui.
    Confira abaixo algumas fotos do evento. As fotos poderão ser visualizadas no Facebook e/ou no Flickr da Biblioteca.

    I Varal de Poesias do IFSP
    Evento I Varal de Poesias do IFSP
    Evento I Varal de Poesias do IFSP
    I Varal de Poesias nas dependências da Biblioteca
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    Alunos lendo as poesias
    Bibliotecária fala sobre o Dia Nacional da Poesia


    Diretor Geral do Campus, Professor Eduardo, lê uma poesia
    Professor Lincoln lê uma poesia de sua autoria
    Sandra, Psicóloga, declama uma poesia


    Aluno, Natanael, lê três poesias de sua autoria
    Professor Robson lê uma poesia de Mario Quintana
    Maria Célia, membro da Academia de Letras lê várias poesias
    Silvia, membro da Academia de Letras, canta três músicas de Chico Buarque
    Daniella, Assistente Social, canta música de sua autoria
    Professora Denise finaliza o evento
    Alunos do Técnico Integrado em Eletrônica
    Alunas do Técnico Integrado em Informática
    Alunos do Técnico em Informática
    Professores e servidores Técnico-administrativos
    Professora e servidoras Técnico-administrativos



























































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    14 de março: Dia Nacional da Poesia

    Comemora-se hoje o Dia Nacional da Poesia, data escolhida em homenagem a Castro Alves, um dos maiores poetas brasileiros. Nascido em 14 de março de 1847, foi patrono da Cadeira n. 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães, e devoto da causa abolicionista, o que lhe rendeu o título de “poeta dos escravos".

    Confira abaixo dois dos poemas mais famosos de Castro Alves: O navio negreiro e Vozes d’África.



    O navio negreiro
    Tragédia no Mar


    ’Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
    Brinca o luar — doirada borboleta —
    E as vagas após ele correm… cansam
    Como turba de infantes inquieta!

    ’Stamos em pleno mar…Do firmamento
    Os astros saltam como espumas de ouro…
    O mar em troca acende as ardentias
    — Constelações do líquido tesouro…

    ’Stamos em pleno mar… Dois infinitos
    Ali se estreitam num abraço insano
    Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
    Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?…

    ’Stamos em pleno mar…abrindo as velas
    Ao quente arfar das virações marinhas,
    Veleiro brigue corre à flor dos mares
    Como roçam na vaga as andorinhas…

    Donde vem?… Onde vai?… Das naus errantes
    Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
    Neste Saara os córceis o pó levantam
    Galopam, voam, mas não deixam traço

    Bem feliz quem ali pode nest’ hora
    Sentir deste painel a majestade!…
    Embaixo — o mar… em cima — o firmamento…
    E no mar e no céu — a imensidade!

    Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
    Que música suave ao longe soa!
    Meus Deus! como é sublime um canto ardente
    Pelas vagas sem fim boiando à toa!

    Homens do mar! Ó rudes marinheiros
    Tostados pelo sol dos quatro mundos!
    Crianças que a procela acalentara
    No berço destes pélagos profundos!

    Esperai! Esperai! deixai que eu beba
    Esta selvagem, livre poesia…
    Orquestra — é o mar que ruge pela proa,
    E o vento que nas cordas assobia…

    Porque foges assim, barco ligeiro?
    Porque foges do pávido poeta?
    Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
    Que semelha no mar — doudo cometa!

    Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
    Tu, que dormes das nuvens entre as gazas,
    Sacode as penas, Leviatã do espaço!
    Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas…



    Que importa do nauta o berço,
    Donde é filho, qual seu lar?…
    Ama a cadência do verso
    Que lhe ensina o velho mar!
    Cantai! Que a noite é divina!
    Resvala o brigue à bolina
    Como um golfinho veloz.
    Presa ao mastro da mezena
    Saudosa bandeira acena
    Às vagas que deixa após.

    Do Espanhol as cantilenas
    Requebradas de languor,
    Lembram as moças morenas,
    As andaluzas em flor.
    Da Itália o filho indolente
    Canta Veneza dormente
    — Terra de amor e traição —
    Ou do golfo no regaço
    Relembra os versos do Tasso
    Junto às lavas do vulcão!

    O Inglês — marinheiro frio,
    Que ao nascer no mar se achou —
    (porque a Inglaterra é um navio
    que Deus na Mancha ancorou)
    Rijo entoa pátrias glórias,
    Lembrando orgulhoso histórias
    De Nelson e de Aboukir.
    O Francês — predestinado —
    Canta os louros do passado
    E os loureiros do porvir…

    Os marinheiros Helenos,
    Que a vaga iônia criou,
    Belos piratas morenos
    Do mar que Ulisses cortou,
    Homens que fídias talhara,
    Vão cantando em noite clara
    Versos que Homero gemeu…
    …Nautas de todas as plagas…!
    Vós sabeis achar nas vagas
    As melodias do céu….



    Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
    Desce mais, ainda mais…. não pode o olhar humano
    Como o teu mergulhar no brigue voador
    Mas que vejo eu ali… que quadro de armarguras!
    Que cena funeral cantar!… Que tétricas figuras!…
    Que cena infame e vil!… meu Deus! Que horror!



    Era um sonho dantesco… O tombadilho
    Que das luzernas avermelha o brilho,
    Em sangue a se banhar.
    Tinir de ferros… estalar de açoite…
    Legiões de homens negros como a noite,
    Horrendos a dançar…

    Negras mulheres , suspendendo às tetas
    Magras crianças, cujas bocas pretas
    Rega o sangue das mães:
    Outras moças, mas nuas, espantadas
    No turbilhão de espectros arrastadas,
    Em ânsia e mágoa vãs.

    E ri-se a orquestra, irônica, estridente…
    E da ronda fantástica a serpente
    Faz doudas espirais…
    Se o velho arqueja… se no chão resvala,
    Ouvem-se gritos… o chicote estala.
    E voam mais e mais…

    Presa nos elos de uma só cadeia,
    A multidão faminta cambaleia,
    E chora e dança ali!

    Um de raiva delira, outro enlouquece…
    Outro, que de martírios embrutece,
    Cantando, geme e ri

    No entanto o capitão manda a manobra
    E após, fitando o céu que se desdobra
    Tão puro sobre o mar,
    Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
    “ Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
    Fazei-os mais dançar!…”

    E ri-se a orquestra irônica, estridente…
    E da roda fantástica a serpente
    Faz doudas espirais!
    Qual num sonho dantesco as sombras voam…
    Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
    E ri-se Satanás!…



    Senhor Deus dos desgraçados!
    Dizei-me vós, Senhor Deus!
    Se é loucura… se é verdade
    Tanto horror perante os céus…
    Ó mar! porque não apagas
    Co’a esponja de tuas vagas
    De teu manto este borrão?…
    Astros! noite! tempestades!
    Rolai das imensidades!
    Varrei os mares, tufão!…

    Quem são estes desgraçados
    Que não encontram em vós,
    Mais que o rir calmo da turba
    Que excita a fúria do algoz?
    Quem são?… Se a estrela se cala,
    Se a vaga à pressa resvala
    Como um cúmplice fugaz,
    Perante a noite confusa…
    Dize-o tu, severa musa,
    Musa libérrima, audaz!

    São os filhos do deserto
    Onde a terra esposa a luz.
    Onde voa em campo aberto
    A tribo dos homens nus…
    São os guerreiros ousados,
    Que com os tigres mosqueados
    Combatem na solidão…
    Homens simples, fortes, bravos…
    Hoje míseros escravos,
    Sem ar, sem luz, sem razão…

    São mulheres desgraçadas
    Como Agar o foi também
    Que sedentas, alquebradas
    De longe… bem longe vêm…
    Trazendo com tíbios passos,
    Filhos e algemas nos braços,
    N’ alma – lágrimas e fel.
    Como Agar sofrendo tanto
    Que nem o leite do pranto
    Têm que dar para Ismael…

    Lá nas areias infindas,
    Das palmeiras no país,
    Nasceram — crianças lindas,
    Viveram — moças gentis…
    Passa um dia a caravana,
    Quando a virgem na cabana
    Cisma da noite nos véus…

    … Adeus! ó choça do monte!…
    … Adeus! palmeiras da fonte!…
    … Adeus! amores… adeus!…

    Depois o areal extenso…
    Depois, o oceano de pó…
    Depois no horizonte imenso
    Desertos… desertos só…

    E a fome, o cansaço, a sede
    Ai! quanto infeliz que cede,
    E cai p’ra não mais s’erguer!…
    Vaga um lugar na cadeia,
    Mas o chacal sobre a areia
    Acha um corpo que roer.

    Ontem a Serra Leoa,
    A guerra, a caça ao leão,
    O sono dormido à toa
    Sob as tendas d’amplidão…

    Hoje… o porão negro, fundo,
    Infecto, apertado, imundo,
    Tendo a peste por jaguar…
    E o sono sempre cortado
    Pelo arranco de um finado,
    E o baque de um corpo ao mar…

    Ontem plena liberdade,
    A vontade por poder…
    Hoje… Cum’lo de maldade,
    Nem são livres p’ra… morrer…
    Prende-os a mesma corrente
    — Férrea, lúgubre serpente —
    Nas roscas da escravidão.
    E assim roubados à morte,
    Dança a lúgubre coorte
    Ao som do açoite… Irrisão!…

    Senhor Deus dos desgraçados!
    Dizei-me vós, Senhor Deus!
    Se eu deliro… ou se é verdade
    Tanto horror perante os céus…
    Ó mar, porque não apagas
    Co’a esponja de tuas vagas
    Do teu manto este borrão?…
    Astros! noite! tempestades!
    Rolai das imensidades!
    Varrei os mares, tufão!…



    Existe um povo que a bandeira empresta
    P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!…
    E deixa-a transformar-se nessa festa
    Em manto impuro de bacante fria!…
    Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
    Que impudente na gávea tripudia?!…
    Silêncio!… Musa! chora, e chora tanto
    Que o pavilhão se lave no teu pranto…

    Auriverde pendão de minha terra,
    Que a brisa do Brasil beija e balança,
    Estandarte que a luz do Sol encerra,
    E as promessas divinas da esperança…
    Tu, que da liberdade após a guerra,
    Foste hasteado dos heróis na lança,
    Antes te houvessem roto na batalha,
    Que servires a um povo de mortalha!…

    Fatalidade atroz que a mente esmaga!
    Extingue nesta hora o brigue imundo
    O trilho que Colombo abriu na vaga,
    Como um íris no pélago profundo!…
    … Mas é infâmia demais… Da etérea plaga
    Levantai-vos, heróis do Novo Mundo…
    Andrada! arranca esse pendão dos ares!
    Colombo! fecha a porta dos teus mares!

    S. Paulo, 18 de Abril de 1868.

    Vozes d’África

    Deus! ó Deus onde estás que não respondes?
    Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
    Embuçado nos céus?
    Ha dois mil anos te mandei meu grito,
    Que embalde, desde então, corre o infinito…
    Onde estás, Senhor Deus?…

    Qual Prometeu tu me amarraste um dia
    Do deserto na rubra penedia,
    — Infinito: galé!…
    Por abutre — me deste o Sol candente,
    E a terra de Suez — foi a corrente
    Que me ligaste ao pé…

    O cavalo estafado do Beduíno
    Sob a vergasta tomba ressupino,
    E morre no areal.
    Minha garupa sangra, a dor poreja,
    Quando o chicote do simoun dardeja
    O teu braço eternal.

    Minhas irmãs são belas, são ditosas…
    Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
    Dos harens do Sultão.
    Ou no dorso dos brancos elefantes
    Embala-se coberta de brilhantes
    Nas plagas do Hindustão.

    Por tenda tem os cimos do Himalaia…
    O Ganges amoroso beija a praia
    Coberta de corais…
    A brisa de Misora o céu inflama;
    E ela dorme nos templos do Deus Brama,
    — Pagodes colossais…

    A Europa é sempre Europa, a gloriosa!…
    A mulher deslumbrante e caprichosa,
    Rainha e cortesã.
    Artista — corta o mármor de Carrara;
    Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
    No glorioso afã!…

    Sempre a láurea lhe cabe no litígio…
    Ora uma c’rôa, ora o barrete frígio
    Enflora-lhe a cerviz.
    O Universo após ela — doudo amante —
    Segue cativo o passo delirante
    Da grande meretriz.

    Mas eu, Senhor!… Eu triste abandonada
    Em meio das areias esgarrada,
    Perdida marcho em vão!
    Se choro… bebe o pranto a areia ardente;
    Talvez… p’ra que meu pranto, ó Deus clemente!
    Não descubras no chão…

    E nem tenho uma sombra na floresta…
    Para cobrir-me nem um templo resta
    No solo abrasador…
    Quando subo às pirâmides do Egito,
    Embalde aos quatro céus chorando grito:
    “Abriga-me, Senhor!…”

    Como o profeta em cinza a fronte envolve,
    Velo a cabeça no areal, que volve
    O siroco feroz…
    Quando eu passo no Saara amortalhada…
    Ai! dizem: “Lá vai África embuçada
    No seu branco Albornoz…”

    Nem vêem que o deserto é meu sudário
    Que o silêncio campeia solitário
    Por sobre o peito meu.
    Lá no solo onde o cardo apenas medra
    Boceja o Esfinge colossal de pedra
    Fitando o morno céu.

    De Tebas nas colunas derrocadas
    As cegonhas espiam debruçadas
    O horizonte sem fim
    Onde branqueja a caravana errante
    E o camelo monótono, arquejante
    Que desce de Efrain…

    Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
    É, pois, teu peito eterno, inexaurível
    De vingança e rancor?…
    E que é que fiz senhor? que torvo crime
    Eu cometi jamais que assim me oprime
    Teu gládio vingador?!…

    Foi depois do Diluvio… Um viandante,
    Negro, sombrio, pálido, arquejante,
    Descia do Arará…
    E eu disse ao peregrino fulminado:
    “Cão!… serás meu esposo bem amado…
    — Serei tua Eloá…”

    Deste este dia o vento da desgraça
    Por meus cabelos ululando passa
    O Anátema cruel.
    As tribos erram do areal nas vagas
    E o nômada faminto corta as plagas
    No rápido corcel.

    Vi a ciência desertar do Egito…
    Vi meu povo seguir — judeu maldito —
    Trilho da perdição.
    Depois vi minha prole desgraçada
    Pelas garras d’Europa — arrebatada —
    Amestrado falcão!…

    Cristo! embalde morreste sobre um monte…
    Teu sangue não lavou da minha fonte
    A mancha original.
    Ainda hoje são, por fado adverso,
    Meus filhos — alimária do universo,
    Eu — pasto universal…

    Hoje em meu sangue a América se nutre
    — Condor que transforma-se em abutre
    Ave da escravidão,
    Ela juntou-se às mais… irmã traidora
    Qual de José os vi irmãos outrora
    Venderam seu irmão.

    Basta, senhor! De teu potente braço
    Role através dos astros e do espaço
    Perdão p’ra os crimes meus!…
    Há dois mil anos… eu soluço um grito…
    Escuta o brado meu lá no infinito
    Meu Deus! Senhor, meu Deus!…

    S. Paulo, 11 de junho de 1868.

    Fonte: Biblioteca de São Paulo.
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