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Aniversário do escritor mineiro João Guimarães Rosa

Se ainda estivesse vivo, hoje seria o 104º aniversário do escritor mineiro João Guimarães Rosa. Quando se aventurou na escrita pela primeira vez, aos 16 anos, em um concurso promovido pela revista O Cruzeiro, teve quatro contos premiados. Médico, diplomata e poliglota, ele é autor de obras renomadas como Sagarana (1946) e Grande Sertão: Veredas (1956).

Se você curte Guimarães Rosa, confira estes e outros títulos do autor: http://www.estantevirtual.com.br/q/guimaraes-rosa.

Quase todos os seus contos e romances têm como pano de fundo o sertão nordestino e destacam-se pelo uso de regionalismos e inovações na linguagem: Rosa era mestre em inventar palavras! Para narrar a obra “Com o vaqueiro Mariano” (1947), consumiu mais de 50 cadernos com anotações sobre a flora, a fauna e a gente sertaneja.

Um viva e um parabéns ao eterno “Joãozito”!

Fonte: Estante Virtual.
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Aniversário de nascimento do escritor Machado de Assis

 
No dia 21 de junho comemoramos o 173º aniversário de nascimento de um dos maiores dos escritores brasileiros, se não o maior: Machado de Assis!

Ele tem dois livros na lista das 100 melhores obras nacionais:
*Memórias Póstumas de Brás Cubas - http://abr.io/bras-cubas
*Dom Casmurro - http://abr.io/casmurro

Qual das obras machadianas é sua favorita?
 
Fonte: Educar para crescer.
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Saiba como estudar literatura

O site Lendo.org disponibilizou um pequeno guia sobre como estudar literatura.

Este guia faz parte do livro "Literatura Brasileira em diálogo com outras literaturas e outras linguagens", cujos autores são o William Roberto Cereja e a Thereza Cochar Magalhães.

Leia a seguir os 8 conselhos elencados conforme a ordem do livro.

1) Em estudos de literatura, vale mais a pena a leitura do que a memorização. Por isso, o texto deve ser o ponto de partida para qualquer aprendizagem na área.

2) Todo texto é produzido numa situação concreta de interação, isto é, um escritor, ao produzir, tem em mente um grupo de leitores para quem escreve, inseridos num determinado contexto histórico-social. Procure perceber no texto as marcas desse contexto e observar de que modo a obra transcria a realidade.

3) O texto literário é discurso e, como tal, sempre está dialogando com outros discursos ou com a tradição literária. Procure perceber no texto outras vozes, outros discursos e detectar possíveis relações intertextuais e interdiscursivas.

4) Ao estudar um autor, examine sua evolução pessoal quanto aos aspectos temáticos, formais e estilísticos. Procure também observar até que ponto sua obra é adequada ao movimento literário vigente na época e eventuais vínculos ou rupturas com a tradição.

5) Ao estudar movimentos literários ou sequências de escritores, procure perceber os movimentos de ruptura e retomada, isto é, identifique o que muda, mas também verifique se aquilo que aparentemente é “novo” não é apenas uma roupagem nova de algo que já existia em movimentos literários anteriores.
6) Não se contente em ler apenas os textos analisados pelo professor. Faça você mesmo a leitura e análise de outros textos sugeridos em aula.

7) Complemente seus estudos com leitura de obras relativas ao movimento literário estudado.

8) A literatura de uma época passada não está morta. Ela está em diálogo permanente com a produção literária posterior e, além disso, com outras artes e linguagens. Por isso, relacione tudo o que lê nos textos literários com o mundo que nos cerca: a música, o cinema, o teatro, a TV, os quadrinhos, a literatura atual.

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Ariano Suassuna é o brasileiro indicado para o Nobel de Literatura

A pedido do senador Cássio Cunha Lima (PSDB/PB), a Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou, nesta quinta-feira (24), a indicação pelo Brasil do escritor paraibano Ariano Suassuna, como candidato ao Prêmio Nobel de Literatura de 2012 da Academia Sueca.

O escritor e dramaturgo paraibano é famoso, entre muitas outras obras, pelos clássicos “Auto da Compadecida” e “A Pedra do Reino”. 

Os vencedores do prêmio serão anunciados no dia 10 de dezembro.

 
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Os mandamentos do escritor, segundo Machado de Assis, Proust, Flaubert, Henry Miller e Borges

A Revista Bula publicou os mandamentos literários de cinco escritores seminais: Machado de Assis, Marcel Proust, Gustave Flaubert, Henry Miller e Jorge Luis Borges

A compilação reúne excertos de textos publicados nos livros “Pensamentos e Reflexões de Machado de Assis”, “Contra Sainte-Beuve: Notas Sobre Crítica e Literatura”, de Marcel Proust, “Cartas Exemplares”, de Gustave Flaubert, “Henry Miller on Writing”. 

Os conselhos de Jorge Luis Borges foram publicados numa edição especial da revista L’Herne. Os mandamentos literários podem ser visto abaixo.

1 - A primeira condição de quem escreve é não aborrecer.
(Machado de Assis)

2 - Para se ter talento é necessário estarmos convencidos de que o temos.
(Gustave Flaubert)

3 - Há somente uma maneira de escrever para todos, que é escrever sem pensar em ninguém. 
(Marcel Proust)

4 - Escreva primeiro e sempre. Pintura, música, amigos, cinema, tudo isso vem depois.
(Henry Miller)

5 - Evitar as cenas domésticas nos romances policiais; as cenas dramáticas nos diálogos filosóficos.
(Jorge Luis Borges)

6 - Trabalhe de acordo com o programa, e não de acordo com o humor. Pare na hora prevista! 
(Henry Miller)

7 - Uma verdade claramente compreendida não pode ser escrita com sinceridade.
(Marcel Proust)

8 - Palavra puxa palavra, uma ideia traz outra, e assim se faz um livro, um governo, ou uma revolução. 
(Machado de Assis)

9 - O autor na sua obra, deve ser como Deus no universo, presente em toda a parte, mas não visível em nenhuma. 
(Gustave Flaubert)

10 - Esqueça os livros que quer escrever. Pense apenas no que está escrevendo.
(Henry Miller)

11 - O que se deve exigir do escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo, que o torne homem do seu tempo e do seu país, ainda quando trate de assuntos remotos no tempo e no espaço.
(Machado de Assis)

12 - Todo o talento de escrever não consiste senão na escolha das palavras.
(Gustave Flaubert)

13 - Mantenha-se humano! Veja pessoas, vá a lugares, beba, se sentir vontade.
(Henry Miller)

14 - Evite a vaidade, a modéstia, a pederastia, a falta de pederastia, o suicídio.
(Jorge Luis Borges)

15 - Um livro não deve nunca parecer-se com uma conversação nem responder ao desejo de agradar ou de desagradar.
(Marcel Proust)

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Estátua de Carlos Drummond é depredada mais uma vez

Metade direita dos óculos foi arrancada por vândalos.

Vândalos, mais uma vez, depredaram a estátua do poeta Carlos Drummond de Andrade. Guardas municipais da Avenida Atlântica, em Copacabana, foram ao calçadão da orla checar a informação, no início da tarde do sábado (12). Toda a metade direita dos óculos (incluindo aro e haste) foi arrancada. Esta é a nona vez que a escultura do poeta fica sem parte dos óculos.

A oitava vez aconteceu em janeiro de 2009 e a escultura só foi restaurada 11 meses depois. Em dezembro do mesmo mês, uma câmera de segurança foi instalada em frente à estátua para flagrar atos de vandalismo. O acessório vem sendo sendo danificado por vândalos desde 2007. Cada reparo custa cerca de R$ 3 mil. A estátua foi adotada oficialmente por uma fabricante de lentes para óculos por dois anos. 

Instalada em 2001 no calçadão da praia de Copacabana e próximo à esquina das avenidas Atlântica e Rainha Elizabeth, a estátua de Drummond tem sido alvo de vandalismo e sucessivos furtos dos óculos, que eram uma característica do poeta.

O monumento é feito de bronze, em tamanho natural, e reproduz a figura de Drummond sentado, de costas para o mar, num dos bancos do calçadão de Copacabana. O local era o preferido pelo poeta em seus passeios de fim de tarde.

Fonte: Estadão.
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Lei declara Paulo Freire patrono da educação brasileira

O Diário Oficial da União publicou nesta segunda-feira, 16, a lei que declara o educador Paulo Freire patrono da educação brasileira. O projeto de lei foi aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.

Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído.
Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia.

Fonte: Estado de São Paulo.
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Conheça os gêneros para trabalhar a literatura infantil

A Biblioteca do IFSP - Campus São João da Boa Vista compartilha aqui as características inerentes ao gênero da literatura infantil: quanto à estrutura; quanto à temática; quanto aos personagens, publicadas no blog Livros e afins. 

Quanto à estrutura:
1) Mito - atemporal, explica o gênese de forma não racional;
2) Lenda -  tem base histórica. Idealização e exageração da realidade. Criação coletiva do povo;
3) Fábula – texto curto em que, geralmente, animais falam. Traz uma moral ao final;
4) Apólogo – semelhante à fábula, mas diferem em razão das personagens serem objetos inanimados;
5) Conto – narrativa curta e sintética, ação única, conjunto restrito de personagens, pouco acontecimentos;
6) Crônica  – texto narrativo curto, trata de assuntos do cotidiano, senso de observação. Tratamento lírico. Cria um identificação imediata com o leitor. Efemeridade.
7) Novela – Várias ações simultâneas. Desenvolvimento linear da narrativa. Grande número de personagens. Repetição e previsibilidade. Picos de suspense.

Quanto à temática:

A abordagem é que é o toque especial quanto ao público infantil, assim, são os temas que mais vão prender a atenção:
1) Cotidiano;
2) Aventura;
3) Sentimentos infantis.
 
Quanto aos personagens:

1) Fadas;
2) Animais;
3) Crianças;
4) Jovens;
5) Adultos;
6) Extraterrestres;
7) Bruxas;
8) Símbolos e alegorias;
9) Plantas;
10) Elementos da natureza;
11) Idosos.

 Quanto aos efeitos:
1) Suspense;
2) Humor;
3) Terror;
4) Lirismo;
5) Conhecimento;
6) Ludismo – pintar, desenhar, recortar, montar, cenários e personagens, maquetes;
7) Afeto.
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Escritor Vargas Llosa doa a sua biblioteca à cidade de Arequipa em Peru

O escritor peruano Mario Vargas Llosa vai doar a sua biblioteca pessoal à sua localidade natal, Arequipa.

São mais de 30 mil títulos, entre livros clássicos e modernos, todos eles anotados pelo escritor, e que serão entregues à cidade de Arquipa, no sul do Peru.
 
Vargas Llosa, que completou no dia 28 de março 76 anos, pretende assim agradecer à cidade que o tratou com "imenso carinho" quando ele recebeu o prémio Nobel da Literatura, em 2010. Os livros encontram-se neste momento distribuídos pelas três casas do autor, em Lima, Madrid e Paris, e serão doados aos poucos. Até porque Vargas Llosa tenciona continuar a aumentar a sua biblioteca.
 
Existem planos para o governo local transformar a casa onde escritor nasceu num museu. "A palavra museu não é a mais adequada, a ideia é que não seja uma instituição para preservar o passado, mas antes uma instituição cultural presente, viva e em processo constante de atualização", disse o autor. Confessou, ainda, que gostaria que ali fosse também construído um teatro de câmara que seja "ao mesmo tempo uma cinemateca".
 
Autor de "Conversas na Catedral", Vargas Llosa deslocou-se a Arequipa com a família para festejar o seu aniversário e participar numa série de atividades literárias e homenagens. "Quem sabe, talvez no próximo aniversário consigamos inaugurar a casa."

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Morre o escritor Millôr Fernandes

Millôr se destacou em inúmeras atividades ao longo de seus 88 anos de vida.

 

Millôr Fernandes (1923-2012) desenhou, escreveu, traduziu, criou roteiros e peças de teatro. Destacou-se em todas essas atividades. 

O escritor morreu terça-feira (27), aos 88 anos, em sua casa na Zona Sul do Rio, após uma parada cardíaca e falência múltipla de órgãos, segundo informou seu filho Ivan Fernandes. Millôr também era pai de Paula e tinha um neto, Gabriel. 

Confira o site Millôr Online , no qual, tem uma série de textos, ilustrações e brincadeiras do autor.

Fonte: Globo.
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Centenário de Jorge Amado será comemorado na Europa

Além de eventos no Brasil, serão realizadas homenagens ao escritor na França, Inglaterra, Espanha e Portugal.

Em homenagem ao centenário de nascimento de Jorge Amado, a Academia Brasileira de Letras (ABL) realiza uma série de atividades comemorativas no Brasil e em quatro países da Europa  –  França, Inglaterra, Espanha e Portugal – com conferências, exposições, shows, e mesas-redondas sobre o escritor. 

A primeira delas acontecerá durante o Salon du Livre, que começa hoje, 16, e vai até 19 de março, em Paris, que, juntamente com a universidade Sorbonne, apresenta a “Jornada Jorge Amado”, com a presença dos escritores Ana Maria Machado, Nélida Piñon e Paulo Rouanet. 

No Brasil, haverá também uma grande exposição durante o mês de agosto, com palestras e ciclo de filmes baseados na obra de Jorge Amado.
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14 de março: Dia Nacional da Poesia

Comemora-se hoje o Dia Nacional da Poesia, data escolhida em homenagem a Castro Alves, um dos maiores poetas brasileiros. Nascido em 14 de março de 1847, foi patrono da Cadeira n. 7 da Academia Brasileira de Letras, por escolha do fundador Valentim Magalhães, e devoto da causa abolicionista, o que lhe rendeu o título de “poeta dos escravos".

Confira abaixo dois dos poemas mais famosos de Castro Alves: O navio negreiro e Vozes d’África.



O navio negreiro
Tragédia no Mar


’Stamos em pleno mar… Doudo no espaço
Brinca o luar — doirada borboleta —
E as vagas após ele correm… cansam
Como turba de infantes inquieta!

’Stamos em pleno mar…Do firmamento
Os astros saltam como espumas de ouro…
O mar em troca acende as ardentias
— Constelações do líquido tesouro…

’Stamos em pleno mar… Dois infinitos
Ali se estreitam num abraço insano
Azuis, dourados, plácidos, sublimes…
Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?…

’Stamos em pleno mar…abrindo as velas
Ao quente arfar das virações marinhas,
Veleiro brigue corre à flor dos mares
Como roçam na vaga as andorinhas…

Donde vem?… Onde vai?… Das naus errantes
Quem sabe o rumo se é tão grande o espaço?
Neste Saara os córceis o pó levantam
Galopam, voam, mas não deixam traço

Bem feliz quem ali pode nest’ hora
Sentir deste painel a majestade!…
Embaixo — o mar… em cima — o firmamento…
E no mar e no céu — a imensidade!

Oh! que doce harmonia traz-me a brisa!
Que música suave ao longe soa!
Meus Deus! como é sublime um canto ardente
Pelas vagas sem fim boiando à toa!

Homens do mar! Ó rudes marinheiros
Tostados pelo sol dos quatro mundos!
Crianças que a procela acalentara
No berço destes pélagos profundos!

Esperai! Esperai! deixai que eu beba
Esta selvagem, livre poesia…
Orquestra — é o mar que ruge pela proa,
E o vento que nas cordas assobia…

Porque foges assim, barco ligeiro?
Porque foges do pávido poeta?
Oh! quem me dera acompanhar-te a esteira
Que semelha no mar — doudo cometa!

Albatroz! Albatroz! águia do oceano,
Tu, que dormes das nuvens entre as gazas,
Sacode as penas, Leviatã do espaço!
Albatroz! Albatroz! dá-me estas asas…



Que importa do nauta o berço,
Donde é filho, qual seu lar?…
Ama a cadência do verso
Que lhe ensina o velho mar!
Cantai! Que a noite é divina!
Resvala o brigue à bolina
Como um golfinho veloz.
Presa ao mastro da mezena
Saudosa bandeira acena
Às vagas que deixa após.

Do Espanhol as cantilenas
Requebradas de languor,
Lembram as moças morenas,
As andaluzas em flor.
Da Itália o filho indolente
Canta Veneza dormente
— Terra de amor e traição —
Ou do golfo no regaço
Relembra os versos do Tasso
Junto às lavas do vulcão!

O Inglês — marinheiro frio,
Que ao nascer no mar se achou —
(porque a Inglaterra é um navio
que Deus na Mancha ancorou)
Rijo entoa pátrias glórias,
Lembrando orgulhoso histórias
De Nelson e de Aboukir.
O Francês — predestinado —
Canta os louros do passado
E os loureiros do porvir…

Os marinheiros Helenos,
Que a vaga iônia criou,
Belos piratas morenos
Do mar que Ulisses cortou,
Homens que fídias talhara,
Vão cantando em noite clara
Versos que Homero gemeu…
…Nautas de todas as plagas…!
Vós sabeis achar nas vagas
As melodias do céu….



Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!
Desce mais, ainda mais…. não pode o olhar humano
Como o teu mergulhar no brigue voador
Mas que vejo eu ali… que quadro de armarguras!
Que cena funeral cantar!… Que tétricas figuras!…
Que cena infame e vil!… meu Deus! Que horror!



Era um sonho dantesco… O tombadilho
Que das luzernas avermelha o brilho,
Em sangue a se banhar.
Tinir de ferros… estalar de açoite…
Legiões de homens negros como a noite,
Horrendos a dançar…

Negras mulheres , suspendendo às tetas
Magras crianças, cujas bocas pretas
Rega o sangue das mães:
Outras moças, mas nuas, espantadas
No turbilhão de espectros arrastadas,
Em ânsia e mágoa vãs.

E ri-se a orquestra, irônica, estridente…
E da ronda fantástica a serpente
Faz doudas espirais…
Se o velho arqueja… se no chão resvala,
Ouvem-se gritos… o chicote estala.
E voam mais e mais…

Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!

Um de raiva delira, outro enlouquece…
Outro, que de martírios embrutece,
Cantando, geme e ri

No entanto o capitão manda a manobra
E após, fitando o céu que se desdobra
Tão puro sobre o mar,
Diz do fumo entre os densos nevoeiros:
“ Vibrai rijo o chicote, marinheiros!
Fazei-os mais dançar!…”

E ri-se a orquestra irônica, estridente…
E da roda fantástica a serpente
Faz doudas espirais!
Qual num sonho dantesco as sombras voam…
Gritos, ais, maldições, preces ressoam!
E ri-se Satanás!…



Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se é loucura… se é verdade
Tanto horror perante os céus…
Ó mar! porque não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
De teu manto este borrão?…
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…

Quem são estes desgraçados
Que não encontram em vós,
Mais que o rir calmo da turba
Que excita a fúria do algoz?
Quem são?… Se a estrela se cala,
Se a vaga à pressa resvala
Como um cúmplice fugaz,
Perante a noite confusa…
Dize-o tu, severa musa,
Musa libérrima, audaz!

São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus…
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão…
Homens simples, fortes, bravos…
Hoje míseros escravos,
Sem ar, sem luz, sem razão…

São mulheres desgraçadas
Como Agar o foi também
Que sedentas, alquebradas
De longe… bem longe vêm…
Trazendo com tíbios passos,
Filhos e algemas nos braços,
N’ alma – lágrimas e fel.
Como Agar sofrendo tanto
Que nem o leite do pranto
Têm que dar para Ismael…

Lá nas areias infindas,
Das palmeiras no país,
Nasceram — crianças lindas,
Viveram — moças gentis…
Passa um dia a caravana,
Quando a virgem na cabana
Cisma da noite nos véus…

… Adeus! ó choça do monte!…
… Adeus! palmeiras da fonte!…
… Adeus! amores… adeus!…

Depois o areal extenso…
Depois, o oceano de pó…
Depois no horizonte imenso
Desertos… desertos só…

E a fome, o cansaço, a sede
Ai! quanto infeliz que cede,
E cai p’ra não mais s’erguer!…
Vaga um lugar na cadeia,
Mas o chacal sobre a areia
Acha um corpo que roer.

Ontem a Serra Leoa,
A guerra, a caça ao leão,
O sono dormido à toa
Sob as tendas d’amplidão…

Hoje… o porão negro, fundo,
Infecto, apertado, imundo,
Tendo a peste por jaguar…
E o sono sempre cortado
Pelo arranco de um finado,
E o baque de um corpo ao mar…

Ontem plena liberdade,
A vontade por poder…
Hoje… Cum’lo de maldade,
Nem são livres p’ra… morrer…
Prende-os a mesma corrente
— Férrea, lúgubre serpente —
Nas roscas da escravidão.
E assim roubados à morte,
Dança a lúgubre coorte
Ao som do açoite… Irrisão!…

Senhor Deus dos desgraçados!
Dizei-me vós, Senhor Deus!
Se eu deliro… ou se é verdade
Tanto horror perante os céus…
Ó mar, porque não apagas
Co’a esponja de tuas vagas
Do teu manto este borrão?…
Astros! noite! tempestades!
Rolai das imensidades!
Varrei os mares, tufão!…



Existe um povo que a bandeira empresta
P’ra cobrir tanta infâmia e cobardia!…
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!…
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?!…
Silêncio!… Musa! chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto…

Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do Sol encerra,
E as promessas divinas da esperança…
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!…

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu na vaga,
Como um íris no pélago profundo!…
… Mas é infâmia demais… Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo…
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!

S. Paulo, 18 de Abril de 1868.

Vozes d’África

Deus! ó Deus onde estás que não respondes?
Em que mundo, em qu’estrela tu t’escondes
Embuçado nos céus?
Ha dois mil anos te mandei meu grito,
Que embalde, desde então, corre o infinito…
Onde estás, Senhor Deus?…

Qual Prometeu tu me amarraste um dia
Do deserto na rubra penedia,
— Infinito: galé!…
Por abutre — me deste o Sol candente,
E a terra de Suez — foi a corrente
Que me ligaste ao pé…

O cavalo estafado do Beduíno
Sob a vergasta tomba ressupino,
E morre no areal.
Minha garupa sangra, a dor poreja,
Quando o chicote do simoun dardeja
O teu braço eternal.

Minhas irmãs são belas, são ditosas…
Dorme a Ásia nas sombras voluptuosas
Dos harens do Sultão.
Ou no dorso dos brancos elefantes
Embala-se coberta de brilhantes
Nas plagas do Hindustão.

Por tenda tem os cimos do Himalaia…
O Ganges amoroso beija a praia
Coberta de corais…
A brisa de Misora o céu inflama;
E ela dorme nos templos do Deus Brama,
— Pagodes colossais…

A Europa é sempre Europa, a gloriosa!…
A mulher deslumbrante e caprichosa,
Rainha e cortesã.
Artista — corta o mármor de Carrara;
Poetisa — tange os hinos de Ferrara,
No glorioso afã!…

Sempre a láurea lhe cabe no litígio…
Ora uma c’rôa, ora o barrete frígio
Enflora-lhe a cerviz.
O Universo após ela — doudo amante —
Segue cativo o passo delirante
Da grande meretriz.

Mas eu, Senhor!… Eu triste abandonada
Em meio das areias esgarrada,
Perdida marcho em vão!
Se choro… bebe o pranto a areia ardente;
Talvez… p’ra que meu pranto, ó Deus clemente!
Não descubras no chão…

E nem tenho uma sombra na floresta…
Para cobrir-me nem um templo resta
No solo abrasador…
Quando subo às pirâmides do Egito,
Embalde aos quatro céus chorando grito:
“Abriga-me, Senhor!…”

Como o profeta em cinza a fronte envolve,
Velo a cabeça no areal, que volve
O siroco feroz…
Quando eu passo no Saara amortalhada…
Ai! dizem: “Lá vai África embuçada
No seu branco Albornoz…”

Nem vêem que o deserto é meu sudário
Que o silêncio campeia solitário
Por sobre o peito meu.
Lá no solo onde o cardo apenas medra
Boceja o Esfinge colossal de pedra
Fitando o morno céu.

De Tebas nas colunas derrocadas
As cegonhas espiam debruçadas
O horizonte sem fim
Onde branqueja a caravana errante
E o camelo monótono, arquejante
Que desce de Efrain…

Não basta inda de dor, ó Deus terrível?!
É, pois, teu peito eterno, inexaurível
De vingança e rancor?…
E que é que fiz senhor? que torvo crime
Eu cometi jamais que assim me oprime
Teu gládio vingador?!…

Foi depois do Diluvio… Um viandante,
Negro, sombrio, pálido, arquejante,
Descia do Arará…
E eu disse ao peregrino fulminado:
“Cão!… serás meu esposo bem amado…
— Serei tua Eloá…”

Deste este dia o vento da desgraça
Por meus cabelos ululando passa
O Anátema cruel.
As tribos erram do areal nas vagas
E o nômada faminto corta as plagas
No rápido corcel.

Vi a ciência desertar do Egito…
Vi meu povo seguir — judeu maldito —
Trilho da perdição.
Depois vi minha prole desgraçada
Pelas garras d’Europa — arrebatada —
Amestrado falcão!…

Cristo! embalde morreste sobre um monte…
Teu sangue não lavou da minha fonte
A mancha original.
Ainda hoje são, por fado adverso,
Meus filhos — alimária do universo,
Eu — pasto universal…

Hoje em meu sangue a América se nutre
— Condor que transforma-se em abutre
Ave da escravidão,
Ela juntou-se às mais… irmã traidora
Qual de José os vi irmãos outrora
Venderam seu irmão.

Basta, senhor! De teu potente braço
Role através dos astros e do espaço
Perdão p’ra os crimes meus!…
Há dois mil anos… eu soluço um grito…
Escuta o brado meu lá no infinito
Meu Deus! Senhor, meu Deus!…

S. Paulo, 11 de junho de 1868.

Fonte: Biblioteca de São Paulo.
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Rubem Fonseca vence prêmio literário em Portugal

O escritor brasileiro Rubem Fonseca, 86, venceu o Prêmio Literário Casino da Póvoa, anunciado no dia 23 de fevereiro durante o 13º encontro literário Correntes D'Escritas, na Póvoa de Varzim, em Portugal.

O autor mineiro concorria com outros oito escritores e sagrou-se vencedor com o romance Bufo e Spallanzani, pelo qual receberá 20 mil euros pelo prêmio e será ainda condecorado com a Medalha de Mérito Cultural pelo secretário de Estado da Cultura (cargo equivalente ao de ministro), Francisco José Viegas.

Segundo o jornal "Público", em seu discurso de agradecimento, o escritor recitou de memória "O Melro" e sonetos de Camões.

"Amo a língua portuguesa, é uma língua lindíssima", disse Fonseca. "Adoro poesia. Lembrei-me de Camões. Vocês me permitem que eu leia Camões?"


Fonte: Folha de São Paulo. 

Sobre o livro premiado:

Bufo e Spallanzani é um livro de perfil policial com muita literatura. A história é sobre uma mulher da alta sociedade que aparece morta, tem uma relação com um escritor que está escrever um livro, o detetive é uma espécie de Columbo e o marido um rico mafioso. Vários suspeitos, uma história complexa, lírica e dura.  
Também o leitor vai se descobrir agarrado ao desenrolar acelerado de estranhos acontecimentos, incapaz de pôr de lado uma história que o domínio narrativo, a cáustica ironia e a brutal franqueza de Rubem Fonseca transformam em um intrigante jogo de verdades e mentiras. 

Fonte: Livraria Cultura.


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Centenário de nascimento de Jorge Amado marca o carnaval 2012


O escritor Jorge Amado, que faleceu em 2001, é o literato mais internacional do Brasil e também o protagonista de inúmeras homenagens neste carnaval, que é marcado pelo centenário de seu nascimento.

Nascido no dia 10 de agosto de 1912, em Salvador, o escritor foi homenageado em sua cidade natal, que teve as ruas do centro histórico decoradas, e também apareceu como tema dos enredos de duas escolas de samba, uma do Rio de Janeiro e outra de São Paulo.

A escola paulistana Mocidade Alegre apresentou um enredo dedicado especificamente ao romance "Tendas dos Milagres", que aborda a relação da cultura africana com o estado da Bahia.

"Jorge, orgulho da nação; Amado, em cada coração", era cantado nas estrofes do animado samba-enredo da Mocidade, que, por sinal, foi a campeã do carnaval paulistano.

A vida e os 33 romances de Jorge Amado, traduzidas em 42 idiomas, também serviram de base para o enredo da escola de samba do carnaval carioca Imperatriz Leopoldinense.

A Imperatriz, inclusive, se inspirou nos sucessos literários de Jorge amado, como "Dona Flor e Seus Dois Maridos", "Gabriela, Cravo e Canela" e "Capitães da Areia", para elaborar seus carros alegóricos.

As ruas de Salvador, onde é realizado um dos carnavais mais tradicionais do país, estavam decoradas com figuras que lembravam Jorge Amado, como livros, máscaras e alguns de seus personagens.

Fonte: Centenário Jorge Amado.
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